
Renato Paiva em Botafogo x La U — Foto: Alexandre Loureiro/AGIF
O Botafogo venceu a Universidad de Chile por 1 a 0 no Nilton Santos e carimbou a vaga nas oitavas de final da Libertadores. Após a partida, o técnico Renato Paiva exaltou a participação da torcida, que fez a tradicional “rua de fogo”, organizou mosaico e apoiou os 90 minutos – mesmo após a expulsão de Jair.
— Disseram que jogamos com 10 por muito tempo. Não jogamos, não. Começamos com 12 e, quando o Jair foi expulso, jogamos com 11. A torcida deixa qualquer profissional desse clube sem palavras. Começamos a ganhar o jogo na recepção no ônibus, o mosaico fantástico… gerou um ambiente de grande apoio e também de alguma intimidação ao adversário. Eles perceberam onde estavam jogando — afirmou Paiva.
— E depois, no momento mais fácil de entrar em descrença, de dizer “ih, de novo…”, a torcida foi quem equilibrou o jogo. Um apoio constante durante os 90 e muitos minutos. Era praticamente impossível vencer ou manter a vantagem sem, primeiro, o 12º jogador. Depois, o 11º. A primeira palavra é de agradecimento à torcida — completou.

Foto: Vitor Silva/Botafogo
Orgulho do grupo
Renato também analisou o jogo e se mostrou orgulhoso do grupo, lembrando a final da Libertadores de 2024, quando o time também jogou boa parte com um a menos após a expulsão de Jair.
— Essa vitória mostra muito da marca desse grupo. Não é a primeira vez em momentos de muita tensão. Mostra a capacidade de acreditar, lutar e defender esse escudo. Vou para casa com o coração cheio, me sentindo um dos treinadores mais orgulhosos do mundo por liderar esse grupo.
Igor Jesus e Ancelotti
Perguntado sobre o que diria a Ancelotti, presente no estádio, sobre a atuação de Igor Jesus, Paiva foi direto:
— Eu não vou dizer nada ao Ancelotti porque não precisa. É o treinador mais vencedor do mundo. Ele veio aqui ver os jogadores, certamente viu com atenção. Não interferiria no trabalho dele. Se eu telefonasse, não seria para sugerir o Igor, seria para desejar sorte e dizer que é um orgulho treinar essa seleção.

Foto: Vitor Silva/Botafogo
Classificação
Com a vitória, o Botafogo chegou a 12 pontos, mesma pontuação do Estudiantes, que superou o Carabobo. Mas os argentinos levaram a melhor no saldo. La U ficou em terceiro e vai para os playoffs da Sul-Americana.
Próximos jogos
O Botafogo tem dois compromissos pelo Brasileirão antes do Mundial de Clubes: visita o Santos no domingo às 16h e recebe o Ceará na quarta às 20h.
Outras falas de Renato Paiva:
Sobre o jogo:
— Nosso adversário joga muito bem com a bola. Poderiam ter vindo com bloco baixo, mas não abdicaram do 5-3-2. Tiveram mais posse, como era esperado, mas a grande chance foi um chute de longe no travessão e uma cabeçada para fora. Nossa vitória veio da compreensão tática dos jogadores, que entenderam como ameaçar e ao mesmo tempo se proteger. Foi merecido.
Sobre Allan:
— Não começou bem a temporada, e por isso o Patrick jogava. O jogador não joga comigo pelo nome. Hoje, graças ao seu trabalho e profissionalismo, voltou bem. E veio o senhor Ancelotti, que gosta muito dele. Nunca se sabe…
Sobre o início do trabalho:
— A confiança vem com resultados, exibições e decisões. Nem Deus é unânime, vou ser eu? Mas tenho a consciência tranquila do nosso trabalho. Isso é inegociável.
Sobre a semana e plano tático:
— Puxamos o Gregore para trás, deixamos Artur e Igor como setas na frente. Marlon distribuindo, Cuiabano subindo, Savarino solto… Foi arriscado, mas necessário. Precisávamos ganhar. As substituições foram físicas. A equipe entendeu o plano. Gregore, que nem zagueiro é, foi um monstro. Foi uma vitória da disciplina tática.

Foto: Vitor Silva/Botafogo
Sobre críticas de “covardia”:
— As críticas existem. Mas minhas decisões são baseadas no trabalho diário. Nunca fui nem serei covarde. Meu histórico sempre foi de jogo propositivo. Mas depois do gol, é preciso ser responsável. Fui controlando o 1 a 0, sem deixar de procurar o 2 a 0.
Sobre Jair:
— Trabalhei 18 anos com jovens. Eles erram. O Jair vai aprender. Não posso ignorar tudo que ele vem fazendo. Não critico algo que treinamos e pedimos para ele fazer.
Sobre Igor Jesus:
— Fez um jogo monstruoso, mas não posso olhar só para ele. A vitória é do coletivo. Seria injusto destacar apenas um num grupo tão fantástico.
Sobre o segundo lugar no grupo:
— Primeiro porque, se ficássemos nos números, o Estudiantes foi melhor do que nós. Nós não jogamos sozinhos, nem Libertadores, nem Brasileiro ou competição nenhuma. Temos sempre que dar algum crédito e mérito aos adversários. Obviamente que entramos na competição sendo os detentores do título. Muitas vezes as pessoas se agarram à teoria, mas no futebol muitas vezes a prática contraria a teoria e você não sabe o porquê. A verdade é essa. Se não ganhasse hoje, seria porque o Botafogo jogou com 10 e o adversário com 11, mas o futebol não tem lógica. Hoje nós fomos melhores que a La U, e na regularidade o Estudiantes foi melhor que nós. Porque nós, de fato, fora, em detalhes, não fomos tão competentes quanto o Estudiantes. No final de seis jogos tem que dar os parabéns a quem foi mais regular. É eficácia, nada mais que isso. Eu sinto que, se fizer um balanço qualitativo, não quantitativo, acho que no global fomos mais equipe que o Estudiantes e as outras equipes. Em questão de saber jogar, de interpretar os momentos do jogo. Acho que fomos mais equipe, mais completos e mostramos isso em casa. No 3 a 2 sobre o Estudiantes aqui, que todos sabem como foi, a primeira parte foi um amasso absoluto que vulgarizou uma equipe que acabou no primeiro lugar do grupo. Portanto são esses detalhes que o futebol às vezes te dá. Hoje o mais importante era passar. Queríamos passar em primeiro, não foi possível. Mas o objetivo foi concluído.